terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Depois de um semestre puxado chegou ao fim meu ano letivo, e aí entra aquela vontade quase inevitável de passar os 2 meses em ócio total. Mas agora que as férias já estão se aproximando do fim eu finalmente tomei coragem para lançar uma postagem de verdade.

Vou começar falando sobre um assunto que é, para mim, particularmente interessante, pois a pouco tempo recebi o contato de um professor que me lecionava quimica orgânica (Thiago Veiga, ótimo professor por sinal) me convidando para uma conversa sobre a possibilidade de eu iniciar com ele um projeto de inciação científica. Sua área de atuação é voltada à agroquímica (aplicação da química a agricultura, com uma forte relação com a bioquímica). Mas enfim, vamos a matéria.


Em 1972 constatou-se pela primeira vez uma incrível ação inseticida em uma substância membro de um grupo chamado de neonicotinóides, este composto era a nitiazina, cuja molécula era derivada da nicotina. A ação destes pesticidas é a capacidade deles de se ligarem aos recepetores de nicotina dos insetos, causando paralisia instantânea e morte em alguns minutos. Ta, mas o que tem de interessante nisso? É simples, o que se notou era que apesar do estrago que causava nos pobres invertebrados o pesticida não atuava nos recepetores dos vertebrados! Isso era algo muito interessante, visto que poderia ser utilizado sem causar dano algum a saúde humana, ou animal (será que eu acredito?). Mas foi só na década de 90, com a descoberta do imidaclopride que os tais neonicotinóides passaram a ser produzidos para consumo (por uma empresa subsidiada a Bayer AG no Japão) e fazer sucesso pelo mundo a fora, por ser mais eficiente. Com tempo o "milagroso" insecticida ganhou o mundo através de várias versões, sendo utilizado tanto para uso veterinário como para proteção de colheitas.

Mas, o que estes cientistas esqueceram (ou ignoraram) é o simples fato de que os "funcionários" mais fiéis da agricultura em todo o mundo são humildes invertebrados, ou seja, são abelhas!
Teriam as abelhas alguma chance contra um inseticida tão poderoso? Segundos os cientistas da Bayer sim! Usando as palavras de artigo publicado no portal ecodebate:

Imidaclopride é o pesticida mais vendido pela Bayer CropScience e é utilizado em mais de 120 países. A Bayer mantém a versão de que os neonicotinóides que são seguros para as abelhas desde que corretamente aplicados"

A Afirmação surgiu para tentar se livrar da culpa pelos alarmantes fatos. Por exemplo, na Alemanha foi suspenso em maio de 2008 o uso dos neonicotinóides após 700 agricultores ao longo do Reno, terem informado que dois terço de suas abelhas haviam morrido. Já na França os neonicotinóides foram proibidos desde 1999, e 2003 em girassóis quando um terço das abelhas já haviam sido exterminadas.

Poucas pessoas sabem que as abelhas prestam serviços ambientais muito mais relevantes do que a mera produção de mel. As mais de 20 mil especies de abelhas polinizam a floração de, pelo menos, 90 culturas, tais como maçãs, nozes, abacates, soja, aspargos, brócolis, aipo, abóbora e pepino, laranjas, limões, pêssegos, kiwi, cerejas, morangos, melões, milho, etc. como disse o Henrique Cortez do Ecodebate

Diante desta situação tem aqueles que concordam com a Bayer e dizem: “Proibir pesticidas, utilizando o princípio da precaução, não é baseado em boa ciência. Pragas e doenças são os problemas enfrentados por abelhas no Reino Unido. O governo precisa colocar mais dinheiro em pesquisa na saúde de abelhas”. - Paul Chambers, conselheiro da National Farmers Union.

e aqueles que pedem pelo menos para que a utilização seja suspensa para que uma pesquisa seja feita de forma mais minuciosa da causa do extermínio de abelhas. Como o site Avaaz.org que fez uma petição para coletar 1 milhão de assinaturas com esta finalidade.

Nasta situação, de que lado ficar? Cabe a você escolher.

Fontes:
Neonicotinóides
Associação inglesa apela pela proibição de pesticidas neonicotinóides para evitar a morte de abelhas
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