quarta-feira, 6 de abril de 2011

A dor nos ensina a evitar situações prejudiciais. Ela provoca respostas reflexas de retirada do corpo dos estímulos nocivos. Ela nos induz a manter em repouso uma parte lesionada de nosso corpo. A dor é vital. Os argumentos mais convincentes para os benefícios funcionais da dor são os casos muito raros de pessoas que nasceram sem a capacidade de sentir dor. Elas passam a vida inteira em constante perigo de autodestruição pois não conseguem se dar conta das consequencias prejudiciais de seus atos. Essas pessoas frequentemente morrem precocemente.

Uma canadense nascida com insensibilidade a estímulos dolorosos não possuía qualquer outro déficit sensorial e era inteligente. Apesar de um treinamento desde cedo para evitar situações danosas, ela desenvolveu degenerações progressivas de suas articulações e da coluna vertebral, levando à deformação de seu esqueleto, degeneração, infecção e, finalmente, à morte aos 28 anos.

Aparentemente, baixos níveis de atividade nociceptiva são importantes durante as tarefas cotidianas para nos avisar quando um determinado movimento ou uma postura prolongada estiver forçando muito nosso corpo. Mesmo durante o sono, a nocicepção(recepção de dor) pode ser o estímulo determinante para que mudemos de posição na cama frequentemente. para previnir escaras ou excesso de tensão sobre o esqueleto.

Pessoas com ausência de dor congênita nos revelam que a dor é uma sensação particular e não simplesmente um excesso de outras sensações. Tais pessoas possuem usualmente uma capacidade normal para perceber os demais estímulos sensoriais somáticos. Entre as possíveis causas está uma falha no desenvolvimento periférico dos nociceptores, ou, ainda transmissão sináptica alterada nas vias mediadoras da sensação de dor no Sistema Nervoso Central. Seja como for, a vida sem dor não é uma benção.

Fonte: Mark F. Bear; Barry W. Connors; Michael A. Paradiso. Neurociências - Desvendando o Sistema Nervoso
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