sábado, 7 de abril de 2012

Vou falar hoje sobre um assunto talvez um pouco badalado demais, algo que todo mundo já ouviu pelo menos algumas vezes na vida. É a velha história de que o álcool é um combustível renovável. Bem o que isso significa? É simples, os combustíveis fosseis (tais como a gasolina) como todo mundo sabe são produzidos apartir de petróleo. quando a gasolina é queimada no interior de um motor automotivo há a liberação de CO2. Este carbono liberado é então incorporado na atmosfera. Isso implica que em geral o carbono vai ser acumulado indefinidamente na atmosfera. Ja com os combustíveis renováveis a coisa é diferente, quando o motor do automóvel queima o combustível libera-se CO2, porém este CO2 vai ser refixado na próxima safra de Cana-de-Açúcar, uma vez que as plantas fazem fotossíntese e utilizam a luz do sol e CO2 para produzir toda a energia que precisam para crescer. Daí vem o nome "renovável" indicando um movimento ciclíco do carbono. Isto pode não ser muito vantajoso quando se pensa na quantidade de emissão nas metrópoles, afinal ninguém vai plantar Cana na Av. Paulista ou na Marginal Pinheiros, mas, quando se considera o nível de emissão numa visão global, é bem positivo.
O Álcool (etanol) sendo o nosso grande representante entre os combustíveis renováveis, vem sendo bem exaltado recebendo os títulos de "combustível mais limpo", "combustível sustentável", etc.





Mas, será que é tudo tão perfeito assim mesmo? Vamos parar para pensar, Como se produz entanol a partir da Cana-de-Açúcar? Será que existe uma máquina milagrosa na qual você introduz cana e do outro lado sai um etanol limpinho e transparente? Não, não existe. Resumindo bem, a produção de etanol é assim: Você corta a cana, faz uma espécie de caldo de cana. O melaço produzido é então fermentado por microorganismos (fungos), os mesmos utilizados na produção de bebidas alcóolicas. O resultado desta fermentação é uma espécie de cachaça fedida. Infelizmente não temos carros movidos a "cachaça fedida". E para obtermos o verdadeiro etanol com um nível de pureza superior a 90% é necesária uma purificação, usando membranas de permeabilidade seletiva ou destilação. Após este processo finalmente temos um álcool limpinho. Mas agora vem a primeira grande pergunta: qual a proporção daquela cachaça fedida se converte em álcool? A resposta é alarmante: cerca de 1 litro para cada 8 a 10 litros dela se tranforma de fato em álcool. O restante, um líquido (agora com teor alcoólico bem mais baixo, mas que não deixa de ser fedido) conhecida como vinhaça ou vinhoto, é composto por uma solução ácida com matéria orgânica, amônia e sais. Agora, a segunda grande pergunta: Sabendo que a produção nacional de etanol está próxima dos 25 bilhões de litros, o que fazer com os 225 bilhões (matemática simples) de litros de vinhaça? Complicado, não acha? Na época do Proálcool a solução foi bem simples: lançar os efluentes em rios! Simples assim! Submeter rios à milhões de litros de uma substância com potencial de acidificar, eutrofizar e intoxicar corpos d'água.

Mas e aí? Desistimos do etanol? Não! Na próxima postagem vou falar um pouco mais sobre algumas soluções que estão sendo empregadas e que estão sendo pesquisadas.
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