sexta-feira, 25 de março de 2016

Severn Suzuki, 12 anos, e seu Discurso que Marcou o Mundo



Severn Suzuki, uma garota canadense de apenas doze anos, foi uma das oradoras da conferência ambiental Eco92. Apesar de soar intrigante e pouco provável, a garota discursou na presença de líderes de estado de diversas partes do globo, representando a E.C.O., Enviromental Children Organization (Organização de Crianças pelo meio ambiente), organização composta por crianças ativistas ambientais de 12 e 13 anos do Canadá. O discurso acabou por se tornar um dos pontos mais altos da conferência. Diversas pessoas em todo o mundo assistem as filmagens de seu discurso até hoje, sendo, com certeza, a parte mais lembrada da Eco92. O vídeo virou símbolo de ativismo ambiental, muitas pessoas nem sequer o relacionam à conferência em que ele ocorreu, o que mostra que o tocante discurso tornou-se, por si só, um marco da luta e conscientização ambiental.

Um fato conclusivo do discurso de Severn, é que seu sucesso foi tão acentuado devido à época em que ele ocorreu. Atualmente a temática abordada pela jovem Suzuki são palavras já bem difundidas na sociedade. Ouvimos elas em documentários, em reportagens, em campanhas e em outros discursos. Estamos em uma época em que a área ambiental é discutida em diversos contextos, e em todo o mundo. Em diversas classes sociais, e diversas etnias. Hoje em dia vemos o discurso ambiental sendo incorporado até mesmo em leis que abrangem o nosso cotidiano, como no caso da proibição das sacolas plásticas em comércios. Porém em 1992, o discurso ambiental era ainda embrionário, poucas pessoas estavam engajadas na causa ambiental, muitas por falta de conhecimento. Pensar sobre impactos ambientais causados pelo homem era ainda algo estranho para uma fatia muito maior da sociedade, que nos tempos atuais. Ainda mais estranho era relacioná-los com problemas sociais. E foi por isso que o discurso eloquente de Severn comoveu o mundo todo, iniciando uma nova era de discussões ambientais e até mesmo sociais.

Independente das motivações reais que possibilitaram o discurso, este teve uma clara e eficiente estruturação. Sendo caracterizado principalmente pela sua linguagem simples, compatível com o discurso de uma criança, mas sem deixar de ser organizado e estruturado o suficiente para alcançar diversos grupos. Questões inerentes às motivações do discurso são inevitavelmente levantadas. Será que a Jovem Suzuki, filha de um dos membros organizadores da conferência, estava realmente dizendo palavras de sua própria “voz”? ou estaria sendo usada como um instrumento? Parece impossível ou pelo menos muito improvável que uma criança de treze anos tenha motivações políticas eu até mesmo mesquinhas para realizar um discurso nestas dimensões. O modo eloquente e bem programado ao usar entonações da menina demonstrou um preparo prévio. Mas, qualquer pessoa com pouco experiência em discursos, muito provavelmente recorreria a um treinamento antes de expor-se ao público. Isto não afirma ou anula a possibilidade de o discurso não ter surgido em sua integridade de sua própria mente. Mas, também nos leva a pensar, será que isto realmente importa? O mundo parou para ouvir o que uma criança tinha para dizer, a pureza de uma criança que queria mudar o mundo. E mudou. Tornando-o um pouquinho mais aberto para o sonhado diálogo sócio-ambiental.

O discurso de Severn que inicialmente tinha como proposta representar um grupo de crianças acabou fazendo muito mais. Suas palavras ousadas representando de certa forma todas as crianças do mundo, trazendo a ideia de um mundo sob os olhos de criança trouxeram um apelo contrastando a visão otimista da criança de favela do Rio disposta a compartilhar com as outras mesmo aquilo que apenas sonha em ter, com a atitude dos adultos que fazem exatamente o contrário do que ensinam para as crianças desde os seus primeiros anos de vida. Quando ela enfatiza que os adultos ensinam as crianças a serem comportados, a não brigar, resolver as coisas bem, respeitar os outros, arrumar a bagunça, a compartilhar e não ser mesquinho, etc. Enquanto que eles fazem o oposto. O tom de revolta dá ao público uma ideia de resolução interna de quem está apaixonada pela causa. Vindo de uma criança confere grande poder de persuasão.

Em suma, independente de qualquer acusação, ou crítica feita ao discurso da garota, nada é forte o suficiente para negar a verdade contida em seu discurso. Principalmente quando após a exposição de todos os apelos, desgostos e sonhos ela conclui com a frase: “Permita que suas ações reflita as suas palavras.” Concretizando com palavras o sonho de todo o verdadeiro ativista, ambiental ou social. As palavras de Suzuki, não foram em vão. E mesmo hoje 20 anos depois ainda não estando nós em um mundo perfeito, todos sabemos que amadurecemos em discussão ambiental. E que a discussão é o primeiro passo para a mudança. Em 1992 uma garota sem conhecimentos científicos pôde influenciar um mundo de pouca base ambiental. O que podemos fazer hoje num mundo mais amadurecido se usarmos conhecimento científico atual? Só nós mesmos, com ações podemos responder a esta pergunta.

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